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Calçado adota Economia Circular como modelo de negócio

quinta-feira, 18 de outubro de 2018
Calçado adota Economia Circular como modelo de negócio

As empresas de calçado têm, nos últimos anos, seguido um caminho de mudança de paradigma, no que diz respeito à sustentabilidade das suas operações, gestão de recursos e impacto ambiental. Hoje, para além da consciencializadas para esta realidade, as nossas empresas estão preparadas e adotam a Economia Circular como modelo de negócio.

O CTCP  tem promovido esta temática em inúmeras iniciativas, nomeadamente através da promoção de projetos de IDT, formação e consultoria e ações de implementação nas empresas.

Na última década o CTCP tem promovido projetos de IDT que têm uma vertente muito direcionada para esta temática, por exemplo o projeto NEWALK (2011-2014) que teve como objetivo a inovação nos materiais, explorando as potencialidades do couro, a inovação nos produtos, assente na criatividade, especialização e engenharia, a inovação tecnológica que permitisse o aumento de capacidades do domínio da flexibilidade e resposta rápida do setor e a inovação nos modelos de negócio, tirando partido do potencial das tecnologias de informação e logística. Todos estes fatores, fazem com que este projeto tenha sido muito voltado para esta nova economia emergente nos dias de hoje, contribuindo também para um setor com maior valor acrescentado e com maior sustentabilidade.


No âmbito da formação e qualificação o CTCP coordenou o projeto Europeu Step2Sustainability (2013-2016), que tinha como objetivo formar técnicos com conhecimentos para implementar estratégias mais sustentáveis no fabrico de calçado sustentável no setor do calçado e artigos de pele, no qual foi desenvolvido um novo perfil profissional e correspondente formação online na área da produção sustentável. (step2sustainability.ctcp.pt),

Atualmente também no âmbito do FAMEST(2017-2020) um projeto em copromoção mobilizador, nº 24529, integrado nos programas Compete 2020, Portugal 2020 e UE FEDER a temática da Economia circular está patente, através da investigação, desenvolvimento e criação de novos materiais, componentes, tecnologias e designs economicamente competitivos e ao mesmo tempo que incorporem uma vertente sustentável, de modo a contribuir para a redução de desperdícios gerados durante o processo produtivo das empresas que compõe o Cluster do calçado em Portugal.
Este projeto integra 23 empresas produtoras de  couro, palmilhas, produtos químicos, software, equipamentos produtivos, sistemas logísticos e calçado, assim como 9 parceiros de I&D, com competências multidisciplinares e complementares.

De realçar ainda o projeto europeu LIFE GreenShoes4All (LIFE17 ENV/PT/000337), que está agora iniciar, em que o CTCP é o coordenador, e que envolve parceiros de 4 países da EU, que tem como objetivo a implementação e disseminação da metodologia da Pegada Ambiental do calçado e o desenvolvimento de um ecodesign eficiente, reciclagem e soluções de manufatura para calçado com baixa Pegada Ambiental. 

O CTCP tem também trabalhado esta temática da sustentabilidade e da Economia Circular nas empresas no âmbito do serviço de consultoria industrial em particular na implementação de sistemas de gestão Ambiental. Que tem sido uma das áreas muito procuradas pelas empresas, que estão de facto sensibilizadas e proativas nesta temática.
A implementação de um sistema de gestão ambiental e a sua certificação pela Norma ISO 14001, permite às empresas reduzir o impacto ambiental dos seus processos industriais, ser ambiental e economicamente mais eficiente, melhorar a sua reputação e alcançar mercados de maior valor acrescentado.

Incentivos Portugal2020 - Vale Economia Circular

O CTCP é entidade acreditada para a prestação de serviços no âmbito do Vale Economia Circular, um incentivo do Portugal2020, cujas candidaturas se encontram a decorrer e que tem por objetivo apoiar projetos individuais de aquisição de serviços de consultoria na área da economia circular em cada etapa da cadeia de valor, do fabrico ao consumo, à reparação, à reutilização, à gestão de resíduos e à reincorporação de matérias primas secundárias na economia.

O CTCP está acreditado para prestar o serviço de consultoria nas seguintes áreas,abrangentes pelo programa:
Eco-design de processos e produtos
Eco-eficiência
Eficiência energética
Eco-inovação
Simbioses industriais
Extensão do ciclo de vida do produto
Valorização de subprodutos e resíduos
Novos modelos de negócio, desmaterialização e transformação digital

Os serviços de consultoria visam a implementação de soluções que resultem da  estratégia   delineada   para   a   economia   circular,   incluindo   a   implementação  sistemas de  gestão da energia ISO 50001, de sistemas de gestão ambiental 14001.


Como pode o setor beneficiar com a Sustentabilidade e Economia Circular?


Os consumidores e empresas de calçado poderão ser beneficiados se optarem por afastar-se do modelo económico linear, baseado em “extrair, transformar, consumir e descartar”, assente no pressuposto dos recursos serem abundantes, fáceis de obter e descartar. E, como alternativa, escolherem o modelo económico circular, no qual as fronteiras ambientais do planeta são respeitadas pela conservação e maximização do uso dos recursos. O modelo circular envolve o aumento do uso de recursos renováveis ou recicláveis, a redução do consumo de matérias-primas e energia e, ao mesmo tempo, a diminuição das emissões e perdas de material. O objetivo geral passa pela então pela eficiência e sustentabilidade de todos os recursos.

É importante considerar o eco design, a eficiência de recursos, a prevenção de resíduos, a reciclagem, gestão e os novos modelos de negócio. Estes, assumem um papel relevante na manutenção da utilidade e valor dos materiais e produtos na economia, contribuindo para uma gestão efetiva dos recursos e desenvolvimento sustentável
Relativamente ao calçado, entre outros aspetos, é importante considerar o eco design, a eficiência de recursos, a prevenção de resíduos, a reciclagem, gestão e os novos modelos de negócio. Estes, assumem um papel relevante na manutenção da utilidade e valor dos materiais e produtos na economia, contribuindo para uma gestão efetiva dos recursos e desenvolvimento sustentável. Diferentes conceitos da economia circular, no calçado, podem ser propostos num modelo simplificado. A ideia principal passa pela minimização da entrada de materiais e geração de resíduos através de um bom design, produção eficiente, distribuição, uso e reciclagem, criando benefícios económicos e ambientais, reduzindo a extração de recursos e as emissões.

 

No diagrama apresentado, a camada mais externa representa as contribuições globais da energia. No calçado, a eficiência energética e o aumento do uso de fontes renováveis, são aspetos relevantes a abordar. O círculo central mostra o fluxo de materiais no ciclo de reciclagem, incluindo materiais biológicos (p.e. o couro) e abióticos (p.e. metais e minerais). O aumento deste círculo é o que trará maiores benefícios para as organizações e meio ambiente. No calçado, diferentes tipos de materiais são frequentemente misturados, dificultando a sua biodegradabilidade e/ou reciclagem. A mistura dos materiais poderá ser minimizada durante os processos de design e produção.
O círculo mais interno representa os chamados “5Rs” – Reciclar, Repensar, Reduzir, Recuperar e Re(i)novar, conforme aplicável. Estes podem contribuir para evitar a geração de resíduos e reduzir a entrada de recursos.

Design e gestão do calçado
O design do calçado poderá ser um contributo importante para a economia circular, pela criação de produtos apelativos, funcionais e leves; evitando a utilização de substâncias tóxicas (com tempo de vida útil longo), fáceis de reparar e desenhados para a reciclagem.

O design para a reciclagem inclui produtos com o mínimo de materiais diferentes, materiais de corte no mesmo tipo de material (p.e. o material exterior e interior todo em couro ou em microfibras recicláveis) e fáceis de separar da sola. A reciclagem e manutenção dos materiais em círculo perpétuo ou completamente fechado, infelizmente, não é possível devido à perda de propriedades dos materiais, nas etapas de processamento envolvidas na sua produção ou reciclagem.

Os materiais biológicos, assim como os polímeros, são compostos por carbono e quando a sua utilização como material ou nutriente já não é possível, a utilização final mais vantajosa poderá passar pela recuperação energética.

Reciclagem de resíduos

A reciclagem de resíduos desempenha um papel importante na otimização da utilização dos materiais e energia e representa uma oportunidade de ouro para a colaboração intersetorial no setor do calçado.

Num estudo realizado pelo CTCP e validado à escala industrial, incorporaram-se resíduos resultantes da cardagem dos materiais de corte e de solas, sem qualquer tratamento, numa formulação de Borracha de Nitrilo Butadieno (NBR) específica e avaliaram-se as suas propriedades físicas mais relevantes, como a resistência ao rasgamento,  à abrasão e à flexã. Com base nos resultados obtidos, verificou-se que os resíduos de cardagem do calçado, podem ser reciclados na produção de solas de borracha com incorporação até 20 phr (partes por cem partes de borracha). Os trabalhos de reciclagem de produtos encontram-se em curso.

Segundo informações da iniciativa ECO.NOMIA
(http://eco.nomia.pt) estima-se que as medidas de prevenção dos resíduos, conceção ecológica, reutilização e outras ações “circulares” poderão gerar poupanças líquidas de cerca de 600 mil milhões de euros às empresas da UE (cerca de 8% do total do seu volume de negócios anual), criando 170.000 empregos diretos no setor da gestão de resíduos e, ao mesmo tempo, viabilizando uma redução de 2 a 4% das emissões totais anuais de gases de efeito de estufa.

Fonte: ctcp
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