Depois de concluir os seus estudos (licenciou-se na ESTIA - Ecole Supérieure des Technologies Industrielles Avancées - em 2020 como engenheiro de robótica e concluiu uma dupla licenciatura em robótica e automação na Universidade de Salford), Alex Marquoin fez um estágio na CETIA*, cujo objetivo é "desenvolver soluções para a reciclabilidade dos têxteis na fase de pré-processamento, ou seja, após a recolha e a triagem, e antes da reciclagem. Queremos criar materiais prontos a serem reciclados", desenvolvendo "o equipamento e as máquinas".
Alex trabalha para desenvolver soluções para reduzir o impacto ambiental negativo causado pela indústria, mas sempre se interessou pela sustentabilidade. Situado perto da costa sudoeste, na região de Nouvelle-Aquitaine, tem uma forte consciência do que o rodeia: "Estamos na natureza: temos o oceano, as montanhas, tudo. Vemos imediatamente os impactos das alterações climáticas, por isso penso que é importante trabalhar nessa direção".
No entanto, entrar no mundo do calçado é muito diferente do dos têxteis. Há três anos, começou por concetualizar a questão da desmontagem de um sapato, mas depressa se apercebeu de que "não é possível fazer tudo ao mesmo tempo", porque há muitos materiais nos sapatos, especialmente na parte superior. Assim, decidiu começar por separar a sola da gáspea, desenvolvendo um primeiro protótipo de desmontagem. Foi assim que nasceu a RE_SHOES.
Re_Shoes
Liderado pelo CETIA, o Re_Shoes é um projeto desenvolvido em colaboração com sete parceiros, nomeadamente, a Decathlon, a Zalando, o atelier de desmontagem L'Atelier des Matières e Revalorem, o Grupo ERAM, a organização ecológica Re_Rashion e um player de artigos de luxo. Sob a forma de um demonstrador de desmontagem automatizada de calçado, esta solução inovadora permite "separar as solas das partes superiores e selecioná-las por composição". De seguida, os materiais são devolvidos aos parceiros que os reciclam como entenderem: "O processo de desmontagem é o mesmo, mas o processo de reciclagem das peças é diferente para cada um".
"Há 10 anos que estamos a reciclar têxteis, mas para o calçado é apenas o início", sublinha. Atualmente, "as marcas estão muito envolvidas neste processo de desmantelamento porque, no final, querem ter materiais que possam ser reutilizados e circuito fechado". "Por isso, acho que agora estão empenhadas em ajudar-nos e em ajudar a inovação a passar à fase seguinte." Além disso, "apercebemo-nos de que talvez nem todos os tipos de calçado possam ser desmontados pela nossa solução, por isso precisamos de outras. Algumas marcas querem investir na reciclagem em circuito fechado, mas outras não, por isso temos de encontrar outras soluções".
Próximo Passo
Embora o CETIA seja apenas responsável pelo desenvolvimento de equipamentos e máquinas, "penso que o próximo passo é ir para uma escala industrial". "E organizar tudo. De momento, não sabemos quem vai tratar da fase de pré-processamento ou da fase de triagem, por exemplo. Para a reciclagem, é bastante óbvio, há muitas empresas que o fazem. Mas antes... Precisamos de organizar a nossa indústria para encontrar um bom plano para fazer tudo", resume Alex.
Colaboração
Quando lhe pediram para fazer uma retrospetiva do última Congresso da UITIC, Alex recordou-o como "um bom momento para trocar pontos de vista com toda a gente", uma vez que "há muitas soluções interessantes" em toda a indústria que nos poderiam permitir criar uma indústria de reciclagem de calçado competitiva a nível mundial, argumentou.
*A CETIA é uma plataforma de inovação dedicada à reciclagem de artigos têxteis e de couro. A CETIA desenvolve soluções para transformar artigos têxteis e de couro em fontes de material pronto para reciclagem, alavancando a automação, a robótica e a inteligência artificial.